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terça-feira, 5 de novembro de 2013

Saudade de ontem à noite



              De repente deu saudade daquela época que não sabíamos o que vinha a seguir. Das conversas que conversávamos por nada. Acho até que estávamos cansados, mas não lembro. Falávamos por horas e horas, de ida e de volta. Naquela época, tudo parecia ter volta.
              Pensei nisso ontem. Até escrevi um poema. Mas ele era tão triste e em nada se parecia com os momentos que estão eternizados. Sempre pensei que o autor precisa estar muito bem e seguro de si para escrever algo que faça o leitor chorar. Por outro lado, toda frase escrita com o peso certo de dor é para ser lido com um suspiro. A dor tem uma plasticidade difícil de descrever.
              Toda composição é um acúmulo de solidões. De corredores povoados por gente que só passa. Ontem, o dia estava tão bonito, que desejei que todos se encontrassem. Inclusive eu.
            O que encontraríamos se reconstruíssemos todos os nossos diálogos? Tudo o que já fomos, o esboço do queríamos ser. Teríamos nós, por inteiros. Ou o que sobramos das desconstruções. Parece loucura, mas teríamos o mais verdadeiro de nós. De uma época em que poderíamos ser tudo, sem peso de escolhas anteriores. De uma época que queríamos tudo, com muito mais paciência do que agora.