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terça-feira, 28 de dezembro de 2010

LISTA DE DESEJOS

Ano Novo, mais uma vez, e as esperanças se renovam. As pessoas buscam recomeçar e, ao contrário do restante do ano, todos parecem menos apegados a antigos projetos. Ano Novo, vida nova, novas tentativas.
Tudo novo. Casa arrumada como deverá permanecer durante todo o ano. Mesa farta. Alma lavada. Esquece-se o que passou; a partir deste ano, tudo será diferente.
Talvez não seja possível ver neste 1º do ano todos que gostaríamos e falar neste momento de renovações que eles permanecem em nossos corações. Bem, talvez assim seja melhor, afinal, emoção, surpresas, encontros e reencontros também são nossos desejos para o Ano Novo.
Desejamos também, para o ano que inicia, muita verdade; embora verdade não seja um desejo, mas sim um exercício. Que esse ano seja marcado pela transparência, sinceridade, a mais pura verdade...
Comecemos, pois, o exercício da verdade já neste dia 1º. Feliz Ano Novo! Serão estes os nossos votos sinceros a todos? Não creio. Esta é a frase mais resumida e egoísta (sim, egoísta, pois a dizemos rapidinho a todos que estão por perto, e ainda sobra tempo para ver a queima dos fogos). É a frase mais impessoal que eu conheço. Você deseja para o seu vizinho, aquele que mal te cumprimenta quando te vê na portaria do prédio, o mesmo que deseja para ao seu cônjuge? Você quer realmente que os seus colegas tenham um ano igualzinho ao seu?
Pense bem, e cuidado com o que desejar, afinal, são desejos para todo o ano... Seja sincero e deseje com todo o coração. Não deseje o mal a ninguém, mas tenha cautela ao desejar, pois no decorrer deste período você pode se deparar com situações estressantes, criadas por você mesmo.
Ao dizer “Feliz Ano Novo”, você está dizendo “ que tudo o que você desejar se realize”, e as pessoas costumam querer sucesso, prosperidade, amor... E então? Você deseja mesmo, do fundo do coração, sucesso para o seu colega de trabalho que irá competir com você por uma promoção? Você deseja amor, muita paixão para o seu vizinho da frente que passa o ano todo paquerando a sua namorada? Por esses e todos os outros casos que você acaba de lembrar agorinha mesmo, é que eu proponho para este ano que se inicia, muita verdade, a começar pelos pedidos de Ano Novo.
Faça uma lista com os nomes das pessoas com quem você irá se relacionar durante o ano. Pessoas amigas, colegas, familiares, pessoas mais distantes, as quais você nem percebe, mas fazem parte da sua vida. Pense bem para não correr o risco de esquecer ninguém. Pronto! Lista feita, agora você associa a cada pessoa seus verdadeiros desejos para o ano. Deseje somente coisas positivas, pois de alguma forma essas coisas voltarão para você. Mas seja sincero. Ouça o seu coração. Agora, peça com todas as suas forças que os seus desejos se realizem. Confie no poder dos seus sonhos, sempre.
Leve esses ensinamentos para todos os dias do seu ano. Se os seus desejos se realizarem, tal qual você sonhou, ótimo! Se, por ventura, algo não sair como você esperava, não se decepcione, pois só o fato de você ter vivido com mais verdade em seus dias, faz de você uma pessoa amplamente admirável, confiável, repleta de amigos. De qualquer forma você só tem a ganhar.
Então, por fim, você estará pronto para recomeçar tudo, outra vez.

domingo, 19 de dezembro de 2010

ACONTECE NO NATAL

Quantas vezes nos perguntamos: o que é o Natal? Muitas, tenho certeza; porém, poucas vezes nos questionamos o que representa o Natal para nós mesmos. Será apenas mais um feriado no ano? E, que diferença faz em nossas vidas, comemorá-lo ou não? Natal significa nascimento, mas eu acredito que o seu sentido vai além, podendo ser interpretado da forma que cada um o sente e vive.
Quando somos crianças, temos o Natal como a data mais esperada do ano. É o tempo em que as casas e ruas ficam mais enfeitadas, coloridas e bonitas. Ganhamos presentes e há sempre muitas festas: um dia na casa da avó, outro na casa da tia... Sempre com muita alegria. Revemos nossos tios e primos, com quem não falávamos há tempos, e qualquer roupa velha do vô ou bujiganga da vó viram brincadeira. É nessa época também que vemos as pessoas andarem cada vez com mais pressa e aquela atividade tão divertida de entrar nas lojas cheias de gente, parece que em vez de animar, deixa as pessoas enfurecidas... Quem entende?
Natal após Natal, o tempo passa. E nós crescemos. Passamos a andar cada vez mais apressadas, pois afinal, já é Natal de novo! Mais um ano passou “voando”... As ruas continuam enfeitadas e coloridas, mas, quem tem tempo para olhá-las? Temos contas a pagar, vestibular para realizar, temos que provar que somos melhores que outras pessoas, caso contrário, será um ano perdido; 365 dias inúteis que só serviram para recebermos ordens de nossos chefes, cumprir dando o nosso melhor e, mesmo assim, ouvir: “você  poderia ter se esforçado mais!”. Como se não bastasse, ainda temos que enfrentar lojas lotadas, filas gigantescas para comprar presentes para os nossos sobrinhos: aqueles monstrenguinhos insuportáveis que não param quietos nunca. Tem também, aquela chatice de festa em família. Todo ano é a mesma coisa: aquele tio “cafona” que conta sempre a mesma piada sem graça; aquela tia solteirona que te pergunta sobre seu namorado, mas sempre fazendo alusão ao seu ex. Sempre tem um primo metido falando sobre a sua última viagem a Paris ou Londres e a sua avó dizendo: “... você viu, a sua prima foi promovida a chefe da repartição...” O Natal é o dia mais estressante do ano...
Quantas mudanças! E, olha que o Natal continua o mesmo; igualzinho, no dia 25 de dezembro, não importa o ano. Se o Natal não mudou, quem mudou foi você! Afinal, as luzinhas e árvores enfeitadas sempre existiram e você sempre conviveu com elas. Quando criança as admirava, e agora reclama pois elas diminuem seu espaço físico; mas, elas sempre existiram.
Há mudanças em nossas vidas que são inevitáveis. A nossa visão do Natal é uma delas. Mas, já que o Natal é algo que nos acompanha desde sempre, é mais agradável vê-lo com olhos de criança. Nós não podemos nos livrar dos parentes chatos, mas, podemos não nos transformar em um deles... Pois, como eu já disse, é Natal e as ruas estão mais alegres e bonitas e essa é a nossa última oportunidade de não termos perdido quase um ano de nossa vida, mas sim, ganhado muito mais do que 365 dias de alegrias.

domingo, 5 de dezembro de 2010

COMO ENCARAR A VIDA

Planejava começar dizendo que nada me enfurece mais do que esperar em fila de banco, mas os acontecimentos que vêm a seguir me obrigam a objetar.  Recomeço. Nada é pior do que esperar em fila de banco onde uma televisão está ligada em um canal de desenho animado; desenho formato chinês. Nada é pior do que desenho chinês...
Seguimos, para não sermos comparados a filas de banco. Estava em meu horário de almoço, esperando em uma fila de banco, a pedido de meu chefe. O tempo era a única coisa que andava. Fome. Misto de raiva consciente incontida e fúria inconsciente controlada. Nessas horas, alguém da fila sempre puxa conversa, talvez para passar o tempo, talvez para socializar o sofrimento. Nada me enfurece mais do que isso. Não! Tem uma coisa que me incomoda mais: ser essa pessoa.
Cento e dois, cento e três, a minha ficha era a de número cento e cinco. Estava quase e só tinha uma certeza: chegaria atrasada no trabalho. Deveria estar feliz; não estava! Perderia meio dia de trabalho, apenas no desconto do salário.
Uma simpática velhinha (parecia saída de um filme de Hollywood) pediu-me se não poderia passar na minha frente, afinal, só precisava receber, seria coisa rápida. Não lhe dei resposta. Meu olhar estava atento em algo, talvez no chamar das senhas; não, era no desenho mesmo.
Cento e cinco. Era eu. Dirigi-me ao caixa e disse que deixaria a senhora passar na minha frente. A atendente disse algo como “que bela atitude”, não sei, não ouvi. O que são cinco minutos para quem já está atrasado? Para quem está com fome e não tem solução para seus problemas?
Deveria ter suspeitado. Ela era cinematográfica demais. Saída de uma comédia americana. Cena clássica: a bondosa velhinha retira da bolsa um saquinho de moedas e começa a contar, uma a uma, perde a conta e recomeça... Não foi bem assim, mas quase. A senhora continha uma réstia de documentos que eram solicitados um de cada vez; por fim, ela precisava da assinatura de um de seus filhos e saiu do banco para buscá-lo. Eu, esperando...
Mas, sabe que tirando a quarta-feira de cinzas, o resto é carnaval. Tudo acaba bem! Depois da senhorinha eu fui prontamente atendida. Ganhei um sorriso amável de agradecimento. Ganhei o meu dia, apenas por esperar. E olha que isso é muito! Quantas vezes esperamos em filas quilométricas, assistindo a desenhos chineses, falando com desconhecidos apenas por falar, e não recebemos nada em troca, um ou outro aborrecimento. Era para ser um texto “fila de banco”: mal-humorado, sobre coisas que ódio; virou um olhar terno: comédia e coisas que eu quero para sempre.