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quarta-feira, 21 de agosto de 2013

A vida segue


Essa é a terceira vez que me despeço do Visão do Vale. Achei que, à medida que o tempo passasse, fosse ser mais fácil. Mas não é. Em cada frase digitada estão lembranças dos quase dois anos como repórter neste jornal. Estou triste com o dia de hoje. Mas, ao mesmo tempo, feliz com a atitude/ideia do Marcelo em nos dar esse espaço. Quis a vida que fosse o nome dele que aparecesse pela última vez no expediente como editor, mas a história começou muito antes do Marcelo ou da Priscila.
Acho que é nesse ponto que quero chegar. Não sei de que forma os demais editores irão conduzir seus textos. Eu escolhi esse, que foi minha marca mais fiel nesse período de jornal: transparente. Nunca houve grandes segredos entre o fazer e o ler. Para mim, o leitor precisava saber que estávamos felizes em entrar na casa dele às terças (em alguns lugares mais tarde) e durar até a próxima semana. O leitor precisava saber o quanto nos entregávamos a cada edição.
Perdi a conta de quantas vezes sai da redação desejando que o mundo acabasse naquela noite, e que não houvesse uma próxima edição pra produzir. Mas, ao chegar em casa, já começava a planejar a próxima, com a certeza de sempre haveria uma nova.
Cada editorial era dois em um: escrevia para o nosso leitor, explicando o que representava aquele combinado de páginas e escrevia também para o nosso grupo. Queria que todos que fizessem o jornal amassem tanto fazê-lo com eu amava.
Foi nisso tudo que pensei hoje, escrevendo esse texto. Esse é último Visão do Vale para todos nós, mas é um fim diferente para cada um. O jornal é para cada um o que nós fomos ou fizemos por ele.
O que representa o fim de um jornal? Os móveis serão vendidos, leiloados, sei lá. A sala será alugada. Os profissionais que ali estão encontrarão outras funções, assim como eu consegui outra colocação tão logo sai; assim como o Alex, o Bruno, a Simone, a Lidiane, o Danúbio e o Guiomar, que estavam comigo em tempos passados, seguiram suas vidas e continuam escrevendo suas histórias. Mas, o que então representa o fim de um jornal?
Ainda estou me perguntando para onde vai todo aquele banco de imagens? Sabe aquelas pastas que estavam no meu (ainda uso meu nesse texto) computador? Me tranquilizo em saber que as matérias e as fotos não estão mais lá. A materialização, nesse caso, é o que temos de menos palpável. As histórias existem fora das páginas.
Pensando em retrospecto, o VV valeu para mim muito mais do que eu esperava. Valeu pelas pessoas que conheci; pelas matérias que escrevi; pelas portas na cara que levei até mostrar que não estava de brincadeira, e que sim, Feliz e Região poderia confiar em mim; valeu pela linguagem que criamos; valeu pelo desafio das pautas de economia e política e por valorizar nossas tradições e mostrar nosso orgulho pela região com as pautas de educação e cultura.
Para mim, valeu pelos três meses como editora; pelo predicativo de que as coisas estavam mudando; por passar a concorrência nas cidades que cobri (tem gostinho melhor? Pera ai, sou humana!); pelo certo, pelo errado; por abrir portas fechadas há tempos; por montar meu time de colunistas; por descobrir com quem a gente pode contar – sempre! Pelas parcerias que se estenderam; por ir, por voltar, por me desligar.
Há oito meses no novo emprego, perdi as contas de quantas vezes por semana respondo: “Não, não trabalho mais para o VV, mas posso fazer essa pauta e, quem sabe, eles publiquem?”; valeu pelos releases publicados.
Como eu disse, o jornal é para cada um, o que fizemos dele. Se incomodou a alguns, talvez tenha sido essa a intenção. Talvez não. A minha não foi incomodar, mas sim, desacomodar. Que continuamos assim, onde quer que estejamos. Essa é a nossa função.
Quero terminar como sempre acabava os editorias: que essa edição que chega agora a suas mãos, esteja repleta de inspiração para a semana. Que a nossa história siga em cada um de vocês. Abraço e boa leitura.

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